Luíz Gonzaga Belluzzo - Os antecedentes da tormenta - O fim dos anos dourados
No segundo capítulo do livro Os antecedentes da tormenta de Luiz Gonzaga Belluzzo é tratado o processo de declínio dos acordos de Bretton Woods firmados após a segunda guerra mundial e seus efeitos na economia mundial em decorrência do processo de globalização.
Segundo Belluzzo, o regime econômico fascista mostrou que a sobrevivência das ordens democráticas pós segunda guerra mundial, não dependia apenas da restauração de instituições, mecanismos de representação popular, equilíbrio de poderes e controle público das autoridades. caso não houvesse uma instancia pública capaz de coordenar e disciplinar os mega poderes privados, as chances das sociedades presenciarem novos regimes e aventuras totalitárias seria grande.
A ameaça a ordem e a liberdade democrática não vem de um governo o qual elegemos, e que podemos derrubar, mas das oligarquias responsáveis sem responsabilidades públicas.
Para evitar a ocorrência de novas tragédias foram pensadas as constituições de novas instituições econômicas internacionais capazes de propiciar a formação de uma ordem econômica capaz de propiciar a formação de uma ordem econômica capaz de promover o desenvolvimento sem obstáculos do comércio entre as nações.
O desenvolvimento tinha a ideia de propiciar crescimento tanto econômico como social.
Nos anos 30 gloriosos keynesianos seguintes da formação do tratado de Bretton Woods, se criou um mundo com os objetivos de promoção de um desenvolvimento baseado no pleno emprego e crescimento dos salários.
As experiencias obscuras de desordem econômica, guerras e conflitos internacionais fizeram com que a ideia de constituir uma ordem internacional estável e regulada não fosse mais uma loucura.
Nos primeiro 20 anos após a constituição do acordo de Bretton Woods, o desenvolvimento econômico e social que ocorria aparentava que as instabilidades do mundo tinham terminado. No entanto, a nova ordem mostrou-se limitada a partir dos anos 1970.
os EUA como banqueiro internacional, emissor da moeda internacional e a facilidade de expansão de suas indústrias no início fez com que o país tivesse um importante papel de regulador da economia, mas a partir do surgimento e ascensão de novos parceiros competidores como a Alemanha e o Japão, exemplos citados no texto, o déficit no balanço de pagamentos dos EUA a partir dos anos 1970 passou a colocar em dúvida a sustentação do dólar como moeda internacional e pondo em xeque a ordem até então vigente de pleno emprego. Por este motivo e pela enorme desvalorização do dólar, no ínicio de 1979 foi feita uma reunião de emergência pelo FMI para discutir sobre possíveis alterações no sistema de pagamentos do padrão dólar-ouro que vinha sendo questionado internacionalmente. Como reação para não ocorrerem mudanças e não perder a sua posição de prestígio político e econômico internacional, o banco central dos EUA (FEB) em outubro de 1979, (poucos meses depois das discussões do FMI) resolveu realizar um choque de juros. Esse choque tinha como objetivo a volta e a revalorização do dólar. Isso fez com que de repente ocorresse um enxugamento da liquidez internacional e um retorno de dólares através da compra de títulos para os EUA.
A partir desse retorno de dólares para o FEB explodiu o endividamento dos EUA com o restante do planeta, perincipalmente com os países desenvolvidos e os até então principais países exportadores de petróleo. Em contrapartida, os EUA retomou em parte a sua hegemonia mesmo que iniciasse os anos da década de 1980 com déficit comercial e de capital com sua própria moeda!!
Uma nova etapa da globalização foi instaurada, mas sob novas formas de intermediação financeira.
A ordem dos mercados passou a ser seriamente ameaçada sem a existência de regras, instituições monetárias centralizadas capazes de garantir previsibilidade as decisões de investimentos tanto privados, como Estatais.
A partir desse processo de mundialização da concorrência, uma nova onda de centralização de capitais foi iniciada mas trazendo consigo uma enorme desvalorização do trabalho e um aumento das terceirizações de forma global.
Os ciclos de prosperidade a partir de então passaram a ser cada vez mais curtos e imprevisíveis trazendo insegurança tanto para os Estados, como para as empresas.
Com este cenário a contratação de funcionários diminuiu e a estabilidade das empresas passou a se tornar cada vez mais a vontade dos mercados financeiros especulativos.
Como consequência presenciamos a decadência da econômica em várias regiões e países, o crescimento do desemprego estrutural, o fim dos sindicatos, precarização dos empregos e aumento das desigualdades.
Muitos acham que este fenômeno foi apenas regional na América Latina sem se dar conta do quanto isto esta atrelado a globalização e aumento da interdependência entre os diferentes mercados do mundo.
Com o surgimento deste cenário uma pergunta soa a todo momento: Será que esse período de declínio terá um fim próximo? Ou então, terá fim?
fonte:
BELLUZZO. L. G. Os antecedentes da tormenta. ed. FACAMP
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