Robert D. Putnam Diplomacia e Política Doméstica: A lógica dos jogos de dois níveis
No
texto de Robert D. Putnam estudado nesta resenha, “Diplomacia e Política
Doméstica: A lógica dos jogos de dois níveis”, o autor explica sobre a
cooperação internacional a partir dos jogos de dois níveis. Para explicar sua
teoria, Putnam divide seu texto em 8 partes. Para o autor, devemos voltar a
atenção para teorias de “equilíbrio geral” que deem conta simultaneamente das
interações de fatores domésticos e internacionais. O artigo de Potnam sugere
uma estrutura conceitual para compreender como a diplomacia e a política
doméstica interagem.
Na primeira parte e introdução do seu texto, Putnam demonstra que a ligação entre política doméstica e internacional de fato existe, a questão é saber em que momento uma influência a outra e de que modo esta influência ocorre.
Para ilustrar esta situação, cita a Cúpula de Bonn (1978) que, ao reunir as maiores economias da época – Japão, Estados Unidos e Alemanha – buscava soluções para reaquecer a economia mundial logo após o 1º Choque do Petróleo. O interesse do autor no evento é entender como o acordo, que foi muito bem-sucedido, se tornou politicamente viável, já que, na opinião dele, os países participantes teriam tomado decisões políticas muito diferentes se não fosse as negociações ocorridas. Para Putnam, o acordo só foi possível devido a uma minoria de cada país que apoiou domesticamente as decisões tomadas internacionalmente, como na Alemanha e no Japão, exemplos citados e explicados pelo autor, ambos destacando a importância das decisões e situações políticas domésticas na definição das políticas internacionais.
Porém, o maior destaque do autor é nos Estados Unidos, onde, segundo Putnam, “a atividade política interna também reforçou e foi reforçada pela pressão internacional” (pág. 149). O foco da política era a desregulamentação do petróleo no país, e “tanto os proponentes quanto os adversários da desregulamentação concordaram que os compromissos da Cúpula estavam no centro do aquecido debate intramuros do governo durante o inverno de 1978-1979 e que foram instrumentais para a decisão final” (pág. 149) da desregulamentação.
A conclusão do autor é a de que as decisões domésticas são diretamente influenciadas pelas políticas internacionais e vice e versa. Em todos os países, há o apoio de um grupo doméstico à mudança política exigida ao seu país internacionalmente pela cúpula, mas esses são – inicialmente - minoritários, deste modo, a pressão realizada internacionalmente foi é condição determinante para que essas mudanças de políticas domésticas ocorram. Porém, não haveria decisões internacionais sem o apoio doméstico destes grupos.
Como sugerido na introdução desta resenha, Potnam pretende uma estrutura conceitual para compreender como a diplomacia e a política doméstica interagem, o que, segundo o autor, vem sendo marginalizado pelas teorias internacionais. Para Potnam, é necessário ir além do estudo dos fatores domésticos influenciando os assuntos internacionais e vice-versa e citar exemplos vazios destes fatos: deve-se buscar uma teoria que interaja entre as esferas, como colocado pelo próprio autor, e levar em consideração as áreas de entrelaçamento entre elas.
Na terceira parte de seu texto, Robert Putnam explica a sua teoria do Jogo de Dois Níveis, no qual o primeiro nível seria o nível internacional e o segundo nível o doméstico. Com esta teoria, seria possível entender a luta política nas negociações internacionais. No segundo nível, deve-se levar em conta a busca dos grupos nacionais por seus interesses, ao pressionarem os governos a tomar decisões que os favoreçam. Já no primeiro nível, o governo busca tomar decisões que satisfaçam as pressões domésticas, enquanto minimiza as consequências adversas das mudanças do sistema internacional. O que Putnam tenta destacar na sua teoria é o fato de que “nenhum dos dois jogos pode ser ignorado pelos tomadores de decisão, pois seus países permanecem ao mesmo tempo interdependentes e soberanos” (pág. 151).
O fato é que essa metáfora utilizada pelo autor descreve a complexidade das negociações internacionais muito bem, deixando claro o desafio de um governante ao tentar alinhar estes dois níveis, já que um ator - doméstico ou internacional - insatisfeito que as decisões do mesmo pode desorganizar todo o jogo e prejudicar negociações. Porém o inverso também pode ocorrer, quando o líder consegue identificar movimentações que realinhem interesses, assim como ocorreu no caso da Cúpula de Bonn.
Outro fator destacado pelo autor é a importância dos Win-Sets nas decisões internacionais. Esses Win-Sets seriam o que poderíamos chamar de conjuntos vitoriosos, ou seja, todos os possíveis acordos do nível II que seriam vitoriosos no nível I, isso porque haveria uma flexibilidade para se negociar. Ocorrem, na maioria das vezes, consultas prévias e barganhas no nível II, para que se elabore uma posição inicial para o nível I, isso porque, na realidade, as expectativas de rejeição no nível II costumam ser maiores.
Putnam destaca dois motivos para que se considere o conjunto de vitórias do nível II importantes para que se compreenda o nível I. O primeiro é o fato de que maiores conjuntos de vitórias tornam os acordos no nível I mais prováveis. O segundo é o fato que os tamanhos relativos dos conjuntos de vitórias do nível II afetarão a distribuição de ganhos conjuntos das barganhas internacionais.
Por fim, devemos destacar os conjuntos de determinantes dos Win-Sets, segundo Putnam. O primeiro seria as preferências e coalizões do nível II, a qual determina que o tamanho do conjunto de vitórias depende da distribuição de poder, das preferências e das coalizões possíveis entre os grupos domésticos do nível II; o segundo seriam as instituições do nível II, já que o tamanho do conjunto de vitórias depende das instituições políticas deste nível; e o terceiro seriam as estratégias dos negociadores do nível I, já que o tamanho do conjunto de vitórias depende das estratégias dos negociadores do nível I.
Fonte
https://drive.google.com/file/d/0B2Pms9aIqSVSQUhkUUZ3RUh3Mms/edit
Na primeira parte e introdução do seu texto, Putnam demonstra que a ligação entre política doméstica e internacional de fato existe, a questão é saber em que momento uma influência a outra e de que modo esta influência ocorre.
Para ilustrar esta situação, cita a Cúpula de Bonn (1978) que, ao reunir as maiores economias da época – Japão, Estados Unidos e Alemanha – buscava soluções para reaquecer a economia mundial logo após o 1º Choque do Petróleo. O interesse do autor no evento é entender como o acordo, que foi muito bem-sucedido, se tornou politicamente viável, já que, na opinião dele, os países participantes teriam tomado decisões políticas muito diferentes se não fosse as negociações ocorridas. Para Putnam, o acordo só foi possível devido a uma minoria de cada país que apoiou domesticamente as decisões tomadas internacionalmente, como na Alemanha e no Japão, exemplos citados e explicados pelo autor, ambos destacando a importância das decisões e situações políticas domésticas na definição das políticas internacionais.
Porém, o maior destaque do autor é nos Estados Unidos, onde, segundo Putnam, “a atividade política interna também reforçou e foi reforçada pela pressão internacional” (pág. 149). O foco da política era a desregulamentação do petróleo no país, e “tanto os proponentes quanto os adversários da desregulamentação concordaram que os compromissos da Cúpula estavam no centro do aquecido debate intramuros do governo durante o inverno de 1978-1979 e que foram instrumentais para a decisão final” (pág. 149) da desregulamentação.
A conclusão do autor é a de que as decisões domésticas são diretamente influenciadas pelas políticas internacionais e vice e versa. Em todos os países, há o apoio de um grupo doméstico à mudança política exigida ao seu país internacionalmente pela cúpula, mas esses são – inicialmente - minoritários, deste modo, a pressão realizada internacionalmente foi é condição determinante para que essas mudanças de políticas domésticas ocorram. Porém, não haveria decisões internacionais sem o apoio doméstico destes grupos.
Como sugerido na introdução desta resenha, Potnam pretende uma estrutura conceitual para compreender como a diplomacia e a política doméstica interagem, o que, segundo o autor, vem sendo marginalizado pelas teorias internacionais. Para Potnam, é necessário ir além do estudo dos fatores domésticos influenciando os assuntos internacionais e vice-versa e citar exemplos vazios destes fatos: deve-se buscar uma teoria que interaja entre as esferas, como colocado pelo próprio autor, e levar em consideração as áreas de entrelaçamento entre elas.
Na terceira parte de seu texto, Robert Putnam explica a sua teoria do Jogo de Dois Níveis, no qual o primeiro nível seria o nível internacional e o segundo nível o doméstico. Com esta teoria, seria possível entender a luta política nas negociações internacionais. No segundo nível, deve-se levar em conta a busca dos grupos nacionais por seus interesses, ao pressionarem os governos a tomar decisões que os favoreçam. Já no primeiro nível, o governo busca tomar decisões que satisfaçam as pressões domésticas, enquanto minimiza as consequências adversas das mudanças do sistema internacional. O que Putnam tenta destacar na sua teoria é o fato de que “nenhum dos dois jogos pode ser ignorado pelos tomadores de decisão, pois seus países permanecem ao mesmo tempo interdependentes e soberanos” (pág. 151).
O fato é que essa metáfora utilizada pelo autor descreve a complexidade das negociações internacionais muito bem, deixando claro o desafio de um governante ao tentar alinhar estes dois níveis, já que um ator - doméstico ou internacional - insatisfeito que as decisões do mesmo pode desorganizar todo o jogo e prejudicar negociações. Porém o inverso também pode ocorrer, quando o líder consegue identificar movimentações que realinhem interesses, assim como ocorreu no caso da Cúpula de Bonn.
Outro fator destacado pelo autor é a importância dos Win-Sets nas decisões internacionais. Esses Win-Sets seriam o que poderíamos chamar de conjuntos vitoriosos, ou seja, todos os possíveis acordos do nível II que seriam vitoriosos no nível I, isso porque haveria uma flexibilidade para se negociar. Ocorrem, na maioria das vezes, consultas prévias e barganhas no nível II, para que se elabore uma posição inicial para o nível I, isso porque, na realidade, as expectativas de rejeição no nível II costumam ser maiores.
Putnam destaca dois motivos para que se considere o conjunto de vitórias do nível II importantes para que se compreenda o nível I. O primeiro é o fato de que maiores conjuntos de vitórias tornam os acordos no nível I mais prováveis. O segundo é o fato que os tamanhos relativos dos conjuntos de vitórias do nível II afetarão a distribuição de ganhos conjuntos das barganhas internacionais.
Por fim, devemos destacar os conjuntos de determinantes dos Win-Sets, segundo Putnam. O primeiro seria as preferências e coalizões do nível II, a qual determina que o tamanho do conjunto de vitórias depende da distribuição de poder, das preferências e das coalizões possíveis entre os grupos domésticos do nível II; o segundo seriam as instituições do nível II, já que o tamanho do conjunto de vitórias depende das instituições políticas deste nível; e o terceiro seriam as estratégias dos negociadores do nível I, já que o tamanho do conjunto de vitórias depende das estratégias dos negociadores do nível I.
Fonte
https://drive.google.com/file/d/0B2Pms9aIqSVSQUhkUUZ3RUh3Mms/edit
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