Plihon - Financeirização das economias da europa


Desde o início dos aos da década de 1980 a Europa passou por um processo de mudanças de regime macro-financeiro. Estas economias passaram de um regime de endividamento, para um regime de fundos próprios. Ou seja, as empresas passaram a se financiar com base nos seus próprios fundos, recorrendo desta forma cada vez menos ao endividamento bancário.
No entanto, esta mudança de lógica financeira trouxe implicações econômicas e sociais consideráveis segundo Dominique Plihon.
Esta mudança constitui uma nova etapa na inserção de economias no capitalismo mundial e corresponde a uma modificação da relação de forças em favor dos credores e dos detentores de capital financeiro em escala mundial.
Esta lógica de financiamento das empresas fez com que vários fenômenos evoluíssem como:
1) O papel crescente da lógica acionária e de fundos estrangeiros,
2) A financeirização da gestão das empresas,
3) Um aumento da instabilidade financeira e da especulação dos mercados de capitais,
4) Transferência de riscos para os assalariados
Por mais que tenham tido como consequência destas mudanças algumas problematizações, algo não se pode negar, a situação financeira das empresas Européias melhorou significamente desde o ínicio dos anos 80 com a alta na taxa de poupança.
Como contrapartida desta alta na receita das empresas houve uma forte queda dos salários e distribuição dos lucros, ou seja, houve um avanço na centralização do capital.
Além disso, com o aumento da importância dos investidores institucionais, as empresas passaram a dar primazia absoluta aos interesses dos acionistas, um fator que se acentuou nos anos 90 com a chegada maciça de investidores estrangeiros.
Na França em 1997,  segundo os dados apresentados por Plion, 50% das ações de empresas já estavam nas mãos de investidores estrangeiros o que altera a lógica de distribuição de riquezas até então prevalecente.
Objetivos que antes prevaleciam como o desenvolvimento da produção e do emprego, tornaram-se secundários. Dai se resulta uma financeirização da gestão das empresas.
O objetivo primordial das empresas passou a ser " a criação de valor acionário". Trata-se de aumentar de todas as formas possíveis o valor fictício da empresa visando o aumento da riqueza dos acionistas, e seus proprietários.
os objetivos financeiros impostos pelos investidores institucionais ocasionam uma segunda série de efeitos nefastos sobre as empresas e de modo amplo sobre a economia.
Trata-se de transferência de riscos para as empresas e assalariados.

Acionistas


Dirigentes                                                    Assalariados 

Nesta tríade quem primeiro sofre transferência de riscos são os assalariados, os acionistas e investidores exigem rendimentos não apenas elevados, mas estáveis no tempo, no entanto a massa salarial constitui a principal variável de ajuste à disposição dos dirigentes para assegurar a estabilidade dos resultados da empresa. Tanto é que nos anos seguintes da década de 1980 houve menos aumento salarial do que a produtividade de trabalho. Em compensação, os acionistas se beneficiam de altos prêmios de risco nos rendimentos.

file:///C:/Users/rapido/Downloads/02-Plihon-AC.pdf




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