Eric Hobsbawn - A Era dos Extremos



A Era dos Extremos - Cap. 9 – Os Anos dourados.



- Segundo Eric Hobsbawn os anos reconhecidos como os anos dourados, era de ouro, ou período Keynesiano como vários economistas e historiadores chamam, foram os anos de 1950, 1960 e 1970, no entanto houve uma certa demora para o reconhecimento especial daquele período por vários motivos.
Os EUA após a 2ª Guerra Mundial manteve um bom ritmo de crescimento econômico, mas não tão acelerado quanto os demais países em reconstrução pós guerra- Europeus. A recuperação da guerra era a mais importante prioridade dos países Europeus e do Japão no planejamento de projetos dos Estados, o sucesso dos novos projetos de reconstrução eram medidos estabelecendo metas em referência ao sucesso passado, não ao futuro.
Houve uma enorme queda no desemprego e um aumento no crescimento econômico dos países, mas infelizmente esse processo não se manteve estável e contínuo como vários políticos e analistas acreditavam.
Hoje é evidente que a Era de Ouro pertenceu essencialmente aos países Europeus capitalistas desenvolvidos e o Japão. Neste período também houve uma revolução na produção de alimentos, a expectativa de vida e países tanto de 1º como de 3º mundo melhorou, mas a riqueza geral jamais chegou a vasta maioria da população do mundo.
Nos países do 1º mundo com o aumento abundante na produção de alimentos, houve o crescimento de excedentes que não se sabia o que fazer no início dos anos 80, mas que passou a ser exportado para os países do 3º mundo com um preço abaixo do custo dos seus mercados. Isso fez com que solapassem os preços dificultando o desenvolvimento produtivo nos países de 3º mundo para que seus produtos concorressem com os importados.
A poluição também cresceu de forma nunca antes vista. A emissão de poluentes oriundos do uso de fontes fósseis como o petróleo e o carvão aumentaram tanto por causa do crescimento das produções industriais, como pela rápida urbanização e mudanças nos meios de transporte. A emissão de toxinas foi elevada de forma nunca antes presenciada pelo homem.
Um dos motivos que impulsionaram esse crescimento dos diversos setores de produção das economias na Era de Ouro foi o baixo preço do petróleo a mais importante fonte de energia. Graças aos combustíveis de petróleo máquinas agrícolas e industriais expandiram a sua capacidade de produção – Exemplo: tratores, colheitadeiras.
A Energia era ridiculamente barata, o petróleo saudita custava em média menos de dois dólares durante todo o período de 1950-1973. Só depois de 1973 é que o cartel da OPEP resolveu cobrar o que o mercado realmente podia pagar elevando o preço dos barris de petróleo. Esse aumento de emissões de poluentes na atmosfera chamou bastante a atenção de ecologistas pelas mudanças notáveis a olho nú, como o céu que escurecia em várias cidades industriais dos EUA. 
 Os meios de comunicação também sofreram grandes mudanças. Houve um aumento no número de casas com linhas telefônicas, e devido as facilidades dos meios de transporte houve uma diminuição do tempo de contato entre as pessoas.



II 
O mundo do consumo também foi alterado de forma nunca antes presenciada, mesmo com a implementação dos meios de produção em massa industrial, a fim de conter o avanço do socialismo na Europa foram também introduzidas novas leis trabalhistas e mudanças no mundo do trabalho nunca antes presenciadas da forma com que ocorreu, o número de turistas e de viagens aumentou de forma nunca antes vista impulsionando novos comércios de turismo, o que era um luxo antes passou a ser o padrão de conforto desejado.
Novos eletrodomésticos passaram a ser objetos de desejo de toda casa, os quais foram rapidamente difundidos nas sociedades devido a um aumento das propagandas direcionadas não apenas para os adultos. O número de telefones mais do que dobrou, Nas economias de mercado desenvolvidas havia mais de um telefone para cada dois habitantes. Os novos possíveis cidadãos de classe média desses países podiam viver como só os muito ricos tinham vivido no tempo de seus pais.
O Avanço industrial e produtivo trocava a mão de obra humana por trabalho maquinário, vários meios de produção antes realizados por trabalho braçal ou que necessitavam de vários indivíduos para a sua conclusão passaram a ser executados por máquinas. Certamente com o avanço industrial e mudanças na organização das sociedades novas tarefas e trabalhos surgiram, no entanto com o objetivo de conter o avanço do comunismo na fronteira do Oeste da Europa passaram a ser criadas leis trabalhistas as quais continham o avanço do socialismo.
Os partidos socialistas e movimentos trabalhistas se enquadraram no novo capitalismo reformado, a esquerda concentrava-se em melhorar as condições de seus eleitorados operários em reformas para esse fim, a ideia de abolir o capitalismo não era mais uma alternativa a ser buscada, o que ocorreu foi um capitalismo reformado que reconhecia a importância das classes trabalhadoras e das aspirações socialdemocratas as quais lhes pareciam bastante adequadas.
Por vários motivos, os políticos, autoridades e mesmo muitos homens de negócios do Ocidente se achava convencidos de que um retorno ao laisses faire e ao livre mercado original estava fora de questão. Os objetivos centrais eram a manutenção do pleno emprego, contenção do comunismo, modernização das economias atrasadas – tinham absoluta prioridade e justificavam a mais forte presença do governo mesmo em regimes dedicados ao liberalismo econômico. O futuro estava na “economia mista”.

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