A Política Externa Brasileira de Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo.
Foto da visita do secretário Norte Americano com Getúlio Vargas no Rio de Janeiro em 1952.
Introdução:
A política externa de Getúlio Vargas durante o
período entre guerras e após o início da segunda guerra mundial foi marcante na
história Brasileira devido as suas peculiaridades, mudanças e estratégias
adotadas pelo governo neste período que teve tanto de enfrentar discussões e
problemas externos quanto internos, mas mesmo assim conseguiu fazer com que o
país alterasse o seu posicionamento econômico, produtivo e diplomático no
sistema internacional conforme será apresentado ao longos dos capítulos deste
trabalho.
No primeiro capítulo será feito um
resumo histórico e dos acontecimentos antecedentes de 1930 que marcaram esta
data como um período de ruptura na política e economia Brasileira.
No segundo serão apresentadas dificuldades
enfrentadas pelo governo provisório para o início da tomada de iniciativas do
governo de Getúlio Vargas no período entre guerras.
No terceiro será feita uma análise
do posicionamento adotado pelo governo de Vargas antes e após o alinhamento com
os Estados Unidos na segunda mundial e os ganhos através do posicionamento
brasileiro de não alinhamento automático as potências.
Boa leitura.
A Política Externa
Brasileira de Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo.
Capítulo.1 Período de
Mudanças.
A política tanto interna quanto externa do Brasil
durante o período de 1930-1937 foi marcante na história Brasileira pelo fato de
várias correntes de atuação do Estado terem sido quebradas, e o Brasil ter
iniciado um novo período de atuação do Estado na interferência em questões até
então consideradas apenas assuntos para as elites agrícolas e cafeicultoras do
Brasil.
Essa
transição ocorreu por fatores tanto endógenos quanto exógenos. O Brasil de 1889
até 1930 (período da república velha) foi governado por grupos da elite
cafeicultora que não desenvolveram uma diplomacia relevante pautada em um
projeto de desenvolvimento nacional com metas a serem seguidas em busca de conquistas.
Essa falta de projeto abrangia também a política externa brasileira.
O Objetivo
principal da política externa Brasileira do período anterior de 1930 era
restringida na busca por garantir mercados para o café, o principal produto de
exportação nacional daquele momento.
Com a crise
de 1929 e a queda no preço do café que já vinha ocorrendo desde anos anteriores,
tanto o Brasil, como outros países entraram em crise econômica. Em 1930, o PIB
Brasileiro recuou 18,7% e em 1931 mais 11,75%. A queda da Bolsa de Nova York
fez com que o mundo passasse na década de 1930 por um período de grande
depressão do mundo capitalista que por sua vez gerou situações críticas tanto
nos setores da economia como da diplomacia que desencadearam a segunda guerra
mundial.
Outro fator
que a crise de 1929 ocasionou, foram mudanças nos fundamentos administrativos
do capitalismo e de organização dos Estados em vários países do mundo, e o
Brasil não ficou fora deste cenário de mudanças. Devido as graves alterações
ocasionadas pela crise, se iniciaram enormes discussões nos países da periferia
e em desenvolvimento sobre a necessidade de mudanças no modelo econômico e
produtivo que até então era fundamentado na monocultura e especialização
produtiva que compunha disputas de diferentes grupos políticos de interesse.
Este cenário de discussões por mudanças no Brasil foi liderado por Getúlio
Vargas que chegou ao poder em 1930.
Nos Estados Unidos,
o governo vigente republicano seguia teorias liberais de livre mercado
apostando na ação do próprio mercado como agente de regulação e superação dos
problemas financeiros. No entanto esta não se mostrou a forma mais plausível de
se superar a crise que nos anos seguintes apenas se agravou até atingir o seu
ápice em 1932-1933. Neste cenário houve uma diminuição dos empréstimos e
créditos cedidos pelos bancos dos Estados Unidos. A partir de então houve uma
enorme queda das exportações da América Latina para a Europa, e EUA gerando
como consequência uma enorme queda dos preços das commodities e matérias primas,
produtos de baixo valor agregado exportado pelos países da periferia que
fizeram com que a crise se generalizasse pelo mundo.
Segundo
Paulo Fagundes Vicentini, a crise de 1929 atingiu os países capitalistas em
intensidade proporcional à sua integração no mercado mundial. Países como o
Reino Unido e França, graças aos seus impérios coloniais e os EUA devido à
expansão de seu território metropolitano apesar da crise mantiveram seu
funcionamento mesmo com dificuldades. Diferente, países mais duramente
atingidos pela crise econômica como Alemanha, Itália e Japão fizeram com que as
agitações sociais fossem mais preocupantes favorecendo a ascensão de regimes
autoritários e militares devido as fortes tradições militares existentes.
Além do mais nesse contexto, a União Soviética
um país Comunista, por não ter sido atingido pela crise e ter mantido seu processo
de crescimento econômico fez com que aumentassem os questionamentos sobre a
eficácia e funcionamento do capitalismo liberal até então ideologia dominante e
defendida pelas grandes potências. Desse modo formou-se uma disputa mundial,
social e econômica que se somou às disputas entre as potências capitalistas.
Os países
exportadores de produtos agrícolas como a América Latina foram atingidos com
uma intensidade particular. Alguns países da região tiveram de alterar a sua
cultura de cultivo e passar a produzir produtos mais voltados para a sua
subsistência e outros, como o Brasil iniciaram uma política de substituição de
importações devido a existência suficiente de uma complexidade de bens
materiais e uma nova constituição social que possibilitava a adoção de uma nova
via de desenvolvimento. O Brasil, mesmo que não tivesse nenhum projeto de
desenvolvimento já possuía, mesmo antes de 1929 algumas indústrias nacionais,
apesar de serem de produtos de baixo valor agregado como têxtil, mas que não
atuavam ainda em sua capacidade máxima.
Nesse
cenário de desestabilidade, atraso econômico e produtivo do continente, vários
movimentos oligárquicos foram formados na busca por mudanças, mesmo que fosse
preciso a utilização de armas para a destituição dos líderes de Estado. Na
Argentina o General Uriburu derrubou o presidente Argentino e implantou um
regime autoritário e no Brasil descontentes com a perda das eleições que foram
marcadas por fraudes, tenentes e movimentos que deram suporte a Getúlio Vargas
durante as eleições desencadearam um movimento armado que conquistou o poder e
instaurou um Governo Provisório.
A partir de então, o Brasil passou por novas mudanças na sua estrutura
política, econômica e internacional, nunca presenciadas em sua história.
Capítulo 2. Governo
Provisório
Durante o
período do Governo Provisório houve uma certa continuidade em relação a
política externa da República Velha, Afrânio de Mello ministro das relações
exteriores do governo provisório promoveu uma remodelagem no Itamaraty para
reforçar sua capacidade de negociação econômica. Em 1931 com a abertura de
negociações nas quais o Brasil buscava obter maior barganha e a busca da
realização de acordos bilaterais, isso dava sinais de mudanças nos objetivos do
país.
No entanto,
algumas políticas se mantiveram idênticas as até então praticadas como
desvalorização cambial, manutenção de garantias oferecidas para banqueiros
internacionais a fim de honrarem os seus compromissos com o país entre outros.
O governo
conseguiu em poucas semanas iniciar boas relações com os EUA e países Europeus,
mas com relação aos países vizinhos o Governo preferiu em primeiro instante
ainda manter uma certa neutralidade e distância nas discussões que repercutiam
na região como a Guerra do Chaco iniciada em 1931. A Guerra do Chaco era um
conflito que envolvia o Paraguai e a Bolívia na disputa por regiões de
passagens de rios importantes para a descarga de mercadorias.
Apesar do Brasil já ter criado desde Rio Branco
uma relação saudável com os Estados Unidos sendo este um dos país de maiores
importações do Brasil, esta relação passou a se tornar cada vez mais
assimétrica devido as consequências da crise de 1929.
Os investidores e capitalistas do Brasil, por causa da crise
e queda nas exportações teve de optar por diferentes alternativas para a
obtenção de lucros, optando pela substituição de importações junto com o Estado
através do fomento de Vargas da policultura no país para evitar a dependência e
novos problemas semelhantes aos desencadeados pela monocultura cafeeira.
Neste processo foram criados vários órgãos para
ajudar no planejamento e execução das políticas econômicas. Iniciava-se um
período de mudanças na divisão internacional do trabalho, antes os países
periféricos, antigas colônias de subsistência, exportavam apenas produtos de
baixo valor agregado em sua maioria matéria prima e importavam mercadorias mais
sofisticadas e o Brasil queria alterar este cenário.
Dentro do Brasil havia uma superacumulação de
capital que limitava a expansão do mercado interno, e no exterior havia uma
contração da demanda de inusitada violência após 1929. Com o início da primeira
guerra mundial a expansão da produtividade nacional (em especial da região de
São Paulo) prosseguiu o processo de troca de produtos até então importados por
novas mercadorias produzidas nacionalmente. Com a ocorrência da crise de 1929,
esse processo novamente ganhou adeptos, afinal a população urbana e de trabalho
salariado crescia e novas demandas surgiam, mas que não podiam ser sustentadas
apenas através da importação, era necessário um projeto que fomentasse a
produtividade industrial e de agregação de valores as mercadorias.
Em 1933 com a ascensão de Adolf Hitler na
Alemanha e de Roosevelt nos EUA, se iniciou uma competição entre duas potências
pela formação de um novo sistema internacional, com a destruição do sistema de
Versalhes. O Brasil neste cenário de disputa entre as duas potências aproveitou
para redimensionar a política externa nacional e obter ganhos para fomentar o
desenvolvimento nacional e se possível desenvolver a sua industrialização.
O governo dos EUA concebia no plano econômico que
o sistema mundial deveria de possuir um livre comércio apoiado pelo poderio
econômico dos Estados Unidos, enquanto que a Alemanha apoiava a ideia de
realizar acordos bilaterais de intercambio, sem o uso de moedas conversíveis.
Neste contexto com as duas potencias lançando
propostas diferentes de acordos comerciais, os excedentes de produtos primários
brasileiros passaram a ser trocados por bens industriais alemães, o que trouxe
grandes preocupações para os EUA pois a Alemanha se tornou o terceiro maior
parceiro comercial do Brasil e em poucos anos o Brasil se tornou um país
importante nos planos políticos-militares-econômicos do continente para
dinamizar a política no exterior do governo dos Estados Unidos, a aproximação
do Brasil com a Alemanha não trazia bons pressentimentos para os EUA.
O Nordeste do Brasil constituía a melhor porta de
entrada para uma possível invasão da Alemanha no continente pela sua
proximidade com a Europa, e pela sua importância para que fosse possibilitada a
continuidade do seu comércio na região do Atlântico. Caso essa região ganhasse
aliados da Alemanha, a guerra poderia ter tido outros fins.
O Brasil, mesmo dentro deste contexto de disputa
manteve-se determinado em seus objetivos estratégicos de incentivar a
industrialização do país e reequipar as forças armadas pelo ambiente de
conflito internacional.
Neste cenário, foi criado, por iniciativa dos EUA,
o tratado comercial Brasil-Estados Unidos de livre comércio que tinha além de
objetivos estritamente comerciais também o objetivo de reaproximar o Brasil de
seus interesses. Entretanto, Vargas manteve o comércio compensado com a
Alemanha.
Essa aproximação do Brasil com a Alemanha não
ocorreu simplesmente por questões estratégicas, ocorreu também por motivos
pessoais dos políticos e militares no poder durante o entre guerras. Tanto
Getúlio, quando os demais militares em exercício tinham grande admiração pelo
poder de Hitler conseguir simpatizantes e seguidores, além de seus discursos de
necessidade de desenvolvimento e independência de nações imperialistas, sem
contar que o Brasil foi um dos países que mais recebeu imigrantes alemães no
país que também sentiam uma certa simpatia pelo nazismo. Um item interessante
apresentado por Paulo Fagundes era a enorme preocupação que a Alemanha tinha de
manter relações com o Brasil, na Embaixada Alemã trabalhavam 200 alemães
enquanto na dos EUA apenas 40.
Esse período foi caracterizado por Gerson Moura
como um período de Equidistância pragmática, o Brasil não se alinhava
diretamente, o governo buscava extrair o máximo de vantagens oferecidas pelos
dois países em disputa para promover o desenvolvimento econômico e produtivo
nacional com o objetivo principal de desenvolver indústrias dos mais diferentes
seguimentos sendo que a implantação de uma indústria siderúrgica e o
reequipamento das forças armadas a fim de fortalecer as defesas do país.
No entanto, apesar de não serem bem organizados,
existiam grupos antagônicos com as atuações do governo tanto dentro do próprio
governo como na sociedade.
Nesse contexto de conflito Roosevelt adotou a
política de boa vizinhança para manter os países do continente ao grupo dos
alinhados, no entanto as relações com o Brasil para melhorarem ainda mais,
precisavam de outras ferramentas pela enorme aproximação econômica que o país
realizava com a Alemanha que em 1936 superou os EUA como principal parceiro
comercial do Brasil.
Para melhorar ainda mais o poder de barganha do
Brasil no cenário internacional foi criado o tratado Anti-bélico de Não
Agressão e Conciliação entre Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile e
México. Neste momento, além de melhorar a situação da política externa do
Brasil, esse tratado também ajudou com uma diminuição das desconfianças
existentes entre Brasil e Argentina.
Neste contexto, oposições do governo não ficaram
caladas. Iniciaram-se manifestações e o surgimento de movimentos e partidos
políticos das mais diferentes ideologias que criticavam as políticas econômicas
e de relações internacionais adotadas pelo país, desde movimentos fascistas até
movimentos de ideologia de extrema esquerda que organizaram enormes
manifestações nos grandes centros urbanos.
Ao se iniciarem estes protestos de partidos e
movimentos de esquerda como o PCB (Partido Comunista Brasileiro) em 1935 e a
crise mundial ter voltado a se aprofundar em 1937, Getúlio aproveitou a
situação como justificativa para a prorrogação do período de Estado de Sítio
alegando que o brasil estava em perigo de ser dominado pelos Comunistas. Neste
pretexto houve a implantação de um regime autoritário por Vargas aonde foi
iniciado o Estado Novo.
Capítulo 3. Estado Novo e
transformações nas relações exteriores.
Em 1939 ao ter iniciado a segunda guerra mundial
as relações comerciais que a Alemanha tinha com demais países que precisavam
cruzar o Atlântico e a passagem marítima entre a Inglaterra e a França para
chegar aos países do centro e leste europeu tiveram suas relações barradas com
um só golpe. Desta forma, as relações do comércio compensado entre o Brasil e a
Alemanha que perturbavam os EUA foi finalizado.
No final do mesmo ano, o Ministro da Fazenda
Souza Costa reconheceu que o interesse de fortalecer as relações comerciais com
a Alemanha havia sido severamente afetado, o que por sua vez afetava a
capacidade de exportações do país.
Contudo, isto não fez com que a influência da
Alemanha na América Latina diminuísse. As vitórias da Alemanha entre 1939 e
1941 criaram um império Alemão na Europa em um império Japonês no extremo oriente
e sudeste asiático o que encorajava que defensores do eixo Alemanha, Itália e
Japão, presentes na América Latina a aumentarem a pressão perante os Estados
neutros a adotarem um posicionamento e rápido. Tanto é que vários cinemas tanto
no Brasil como na Argentina que eram de famílias do eixo oposto dos EUA
colocaram em cartaz vários filmes com discursos anti-imperialismo
estadunidense.
O Brasil
esta divisão entre cidadãos pró e anti-Eixo esteve presente em todos os setores
da sociedade- na políca, na opinião pública, na imprensa, nos grupos militares
e nas universidades. O governo
tentou manter de forma cautelosa o seu posicionamento de neutralidade com
relação a guerra europeia, mesmo que as relações comerciais do Brasil com a
Europa tivessem enormemente declinado. O sentimento anti-britânico ganhou
enorme força nos círculos militares do país devido aos bloqueios comerciais. A
Alemanha era vista por muitos como fornecedora de armas e uma possível
colaboradora na construção de usinas siderúrgicas no país. O Brasil neste
contexto ganhou peso nos assuntos interamericanos.
Os EUA
tiveram de adotar novas políticas especiais com relação a América Latina, tanto
para manter o seu domínio perante o seu continente, como para manter o seu
sustento de matérias primas para a produção de armas como para o abastecimento
de alimentos de seus militares.
O Governo
Vargas nessa situação foi forçado a escolher os EUA como seu aliado, mas mesmo
assim não deixou de aproveitar a situação para obter algumas vantagens deste
contexto de guerra.
A maior
preocupação para os Estados Unidos não era garantir um mercado para os produtos
americanos manufaturados ou melhorar as condições de investimentos do Brasil e
da América Latina, mas eliminar a influência da Alemanha na política e economia
brasileira e garantir o suprimento para as forças das armadas dos EUA de
materiais necessários para sua indústria bélica como minerais e matérias primas
raras e estratégicas.
A partir de
1940 o governo dos EUA adotou medidas para estimular a produção no Brasil de
matérias primas vitais. Além disso foram fornecidos 100 milhões de dólares em
equipamento militar e naval e um empréstimo imediato de 12 milhões de dólares.
Para que estes empréstimos e equipamentos militares fossem disponibilizados para
o Brasil, no entanto foram colocadas algumas condições para ambos os países segundo
o acordo assinado em 14 de maio de 1941:
No acordo o
Governo Brasileiro se comprometeria em restringir aos EUA a venda dos materiais
considerados estratégicos e o governo dos Estados Unidos iria destinar para o
Brasil materiais essenciais à indústria brasileira.
A
colaboração econômica entre os Estados Unidos e o Brasil era mais determinada
pelas necessidades econômicas e políticas do esforço de guerra americano do que
por uma determinação em colaborar com a promoção do desenvolvimento brasileiro.
Contudo, por questões de pressão de Getúlio foi combinado em julho de 1940 o
financiamento para o desenvolvimento da indústria siderúrgica de Volta Redonda.
O desenvolvimento de Volta Redonda não estava de acordo com os objetivos e
propostas iniciais dos EUA, mas que por questão de insistência e preocupação da
manutenção da boa relação entre os dois países, foi inserida dentro dos acordos.
“Embora o governo americano não
quisesse se comprometer de nenhuma forma com o projeto siderúrgico, o desejo
firme do Brasil em construir a usina a qualquer preço levou o Departamento de
Estado a continuar seus esforços de envolver outras companhias americanas a fim
de ter o desenvolvimento siderúrgico brasileiro empreendido com a cooperação de
capital americano antes que o europeu”. Hull
a Morgenthau Jr; memorando por Duggan 27/01/1940.
A aliança
com os EUA tivera o seu preço, mas a embaixada Americana do Brasil estava tão
convencida que caso não fossem feitos estes acordos, o Brasil seriamente
poderia ter tomado outro posicionamento, não se alinhado aos EUA e se alinhado
com a Alemanha podendo ter alterado os rumos da história da Segunda Guerra
mundial, apesar dessa enorme preocupação dos Estados Unidos, provavelmente este
pretexto de alinhamento do Brasil com a Alemanha foi utilizado mais como uma
ferramenta para que o país promovesse o seu desenvolvimento do que pela simples
razão de simpatia pelos Alemães que tanto Getúlio como Militares no poder
sentiam por Hitler pela sua capacidade de persuasão e mobilização social. A
motivação para a promoção do desenvolvimento nacional era maior. No entanto, no
final de setembro de 1940 foi assinado um acordo entre os EUA e o Brasil em que
o governo brasileiro junto com os EUA construiriam a siderúrgica iniciando a
partir daquele momento uma nova faze econômica, produtiva e diplomática
brasileira.
Conclusão:
A política
externa de Getúlio Vargas de 1930 até o fim da segunda guerra mundial foi
marcada por mudanças, mas que trouxeram enormes ganhos para o país. Osvaldo
Aranha e Getúlio souberam como articular seus discursos e posicionamentos
internacionais para promover a industrialização do país mesmo com a ocorrência
de movimentações e formações de grupos e partidos contrários aos seus
posicionamentos.
Tanto a
Alemanha, como os EUA colaboraram para a promoção da industrialização do
Brasil, por mais que a Rússia, aliada dos Estados Unidos tenha vencido a guerra
tomando conta de Berlim fazendo com que a Alemanha perdesse a guerra e fosse
dividida nos meses seguintes entre os vencedores, Rússia, EUA, Inglaterra e
França.
Os Estados
Unidos não tinham o objetivo de promoverem o desenvolvimento Latino Americano,
e caso o Brasil se alinhasse diretamente, certamente a economia Brasileira não
teria se desenvolvido ao longo das seguintes décadas da mesma forma.
Este momento
traz enormes lições para a diplomacia Brasileira. Certamente na atualidade há
uma enorme relutância de organizações midiáticas de aceitarem o posicionamento
de não alinhamento automático do Brasil com potências do Norte como EUA e
Europa, mas a experiência vivida pelo país durante o Governo de Getúlio Vargas
mostrou que a diplomacia é uma ferramenta importante para a promoção do
desenvolvimento do país e que nem sempre a política de alinhamento automático
as potências é a melhor opção para a promoção do desenvolvimento nacional.
Fontes:
Gerson Moura – O Aliado
Fiel. A natureza do alinhamento brasileiro aos Estados Unidos durante e após a
segunda Guerra Mundial, no contexto das relações internacionais. 1984, UNICAMP
Francisco Luiz Corsi – O
projeto de desenvolvimento de Vargas, a missão Osvaldo Aranha e os rumos da
economia brasileira.
Paulo Fagundes
Visentini – Relações Exteriores do Brasil II (1930-1964) – O nacionalismo, da
era Vargas à Política Externa Independente. 2ª e
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