BNDES - A praga ou a salvação?
Muitas revistas, tem o hábito contínuo de criticar o BNDES chegando até a dizerem que este banco deveria de deixar de existir.
Ao longo dos anos de
minha faculdade de relações Internacionais, estudei está questão de
financiamento vários anos e participei de várias palestras que discutiram este
assunto polêmico. Um Estado deve ou não de intervir na economia de seu país com a criação
de órgãos de financiamento?
Para responder esta
pergunta, acredito que é necessário que sejam explicadas algumas regras e condições
necessárias para que projetos de financiamento do BNDES em obras (sejam realizadas aqui no
Brasil ou no exterior) sejam aprovadas.
Em Obras de grande
porte, é necessário que as peças a serem utilizadas na construção sejam
produzidas aqui (ao menos 80%) como foi o caso do porto de Cuba tão criticado
por mídias de massa.
Desta forma, mesmo obras
que sejam feitas no exterior, não deixam de favorecer empresas Brasileiras ou
deixam de trazer retornos para os cofres do país.
Vários investimentos que
estão sendo feitos na África como na América do Sul e Central com a ajuda BNDES,
tem o intuito de fortalecer empresas nacionais, ninguém dá dinheiro de graça.
Hoje o mercado é globalizado e empresas de países subdesenvolvidos não
conseguem disputar, ou crescerem sozinhas, conforme é pregado em discursos liberais.
A Índia, a China, e a Rússia, também tem programas semelhantes para fazer com
que suas empresas consigam fazer explorar estes novos mercados em expansão e
fortalecer suas marcas no mercado internacional de países em desenvolvimento. Aqueles
que acham que países de desenvolvimento atrasado irão conseguir disputar o
mercado internacional através da adoção de políticas de livre mercado, estão muito
enganados, o Brasil, tem fortes empresas de construção e indústrias de Base que
com a ajuda do BNDES tem se expandido e trazido retornos financeiros para o
país. A indústria Brasileira de produtos e materiais de construção FAMA por
exemplo foi uma empresa bastante beneficiada com estes projetos. Hoje ela é uma
indústria que domina mercados de países como Angola, Argélia, Moçambique e desta
foram tem conseguido trazer retornos para os seus cofres além de possibilitar
desta forma que países de desenvolvimento mais atrasado que o nosso, possam
iniciar o seu processo de amadurecimento capitalista.
Um dos motivos da crise
econômica que enfrentamos em 2014, foi agravado no Brasil por diversos motivos
externos, mas também pela falta de regras de limitação para a retirada de
capital do país. A maioria das grandes empresas que investem no Brasil, são estrangeiras,
no entanto, o lucro obtido aqui, elas podem tanto reinvestir e gerar empregos
diretos e indiretos, como também podem pegar o seu lucro e simplesmente levar
para sua sede de pais de origem ou seja fazer remessa de lucros.
Aconselho vocês que
estão lendo esta postagem a lerem o livre “O mito do livre comércio e dos maus
samaritanos” ou o “Chutando a Escada” do Sul Coreano Chang, ele explica que as
empresas Sul Coreanas que hoje conseguem disputar o mercado internacional como
a Samsung e a LG por exemplo, não se desenvolveram sozinhas, houve um
planejamento do Estado Coreano após a guerra das Coreias que possibilitou que o
país destruído e de capitalismo atrasado conseguisse começar em poucos anos a
disputar o mercado tecnológico (de produtos de valor agregado) com países
desenvolvidos e deixasse de produzir apenas arroz, feijão, produtos de baixo
valor agregado.
Certamente é necessário
um maior planejamento do Estado Brasileiro para a criação de projetos de
desenvolvimento para não ficarmos mais a mercê das condições de boa vontade
apenas de investidores estrangeiros e que possibilite que empresas Brasileiras
explorem melhor o mercado nacional.
Certamente isso envolve
outras questões como baixar a taxa de juros e o retorno no mercado financeiro,
mas o foco desta discussão é outro.
Jogar fora os poucos
projetos existentes de internacionalização das empresas nacionais e puni-las como
muitos sugerem não é uma solução. Pelo contrário vai apenas favorecer empresas
do exterior.
Órgãos como o BNDES e a
Petrobras vem sendo enormemente criticados e defensores do livre mercado tem
colocado que a única solução para acabar com os problemas de corrupção do
Brasil é através da privatização, mas achar que empresas apenas por serem
privadas estarão fora do campo da corrupção é um pensamento falso, e que tem
interesses por trás daqueles que defendem está ideia.
Veja o caso do HSBC por
exemplo, nos últimos anos foi proposta a abertura de uma CPI do HSBC para
discutir e analisar a questão de financiamentos de grupos de má fé estrangeiros,
como nacionais no Brasil, que utilizam serviços do Banco, no mesmo momento em
que já se haviam iniciado investigações na Suíça sobre o mesmo caso.
Contudo, a proposta de
criação da CPI e avanço em investigações do BNDES não foram para a frente, e
este caso não ganhou repercussão nas mídias de massa. Poucos canais de
informação mantiveram uma certa atenção para este caso.
Eu quero que o meu país
se desenvolva e melhore suas condições de independência econômica, mas punir
empresas nacionais porque obtiveram ajuda do Estado para se expandir da mesma
forma que empresas Chinesas, Americanas, Canadenses, Alemãs, Francesas e
Coreanas fizeram (obtendo ajuda de programas de financiamento do Estado) é uma
baita injustiça e defende apenas interesses do capital estrangeiro.
Certamente não se devem
deixar calados os dirigentes destas
empresas (as pessoas físicas) ligadas aos crimes de corrupção. Quem deve de ser
julgado são os empresários e não as Empresas (pessoas jurídicas). A mídia joga
uma culpa nos escândalos de forma que quem saí mais prejudicado não são os
responsáveis pelas falcatruas de corrupção, mas a sociedade Brasileira.
O PT certamente adotou algumas
medidas nem um pouco saudáveis, mas achar que a simples retirada de Dilma do
poder irá alterar a situação é um pensamento falho. No final quem sofre e tende
a sofrer mais ainda é a sociedade dependente do bom funcionamento das nacionais
de forma direta e indireta.
Além do mais, não vamos
esquecer que existem empresas estrangeiras que ficariam se sorrisos abertos caso
o Brasil deixasse de ter empresas fortes e capazes de disputar o mercado
externo.
O BNDEs surgiu com o
nome de BNDE no governo Vargas, e tanto o BNDE, como outras empresas e programas
do governo possibilitaram que o país deixasse de ser apenas uma economia
agrário exportadora e passasse a compor outros fatores de produção em seu PIB
(produto interno Bruto) e PNB (produto nacional Bruto).
Apesar de não ser uma regra, a grande maioria das atuais empresas
multinacionais passaram por três fazes, a primeira de amadurecimento, a segunda
exploração do mercado de origem, e a terceira de internacionalização.
Empresas estrangeiras
não estão a fim de que novas concorrentes ganhem espaço e não é de hoje essa crítica
de que projetos de financiamento de órgãos Estatais de governos de países em desenvolvimento
deveriam de deixar de existir e políticas Neoliberais deveriam de passar a
serem defendidas e praticadas.
Concluindo, sem órgãos estatais de financiamento não há como ocorrer um
desenvolvimento produtivo, tecnológico e social nos países em desenvolvimento
http://www.cartacapital.com.br/revista/804/obras-em-varias-linguas-6655.html caso alguém queira saber mais sobre este polêmico assunto de financiamento do BNDES, leia esta matéria do jornal carta capital.
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