Brinquedos e gênero.
Toda pessoa independente do seu sexo, certamente se lembra de determinado brinquedo que teve durante a infância e ao observar as crianças a sua volta talvez pense sobre o quanto talvez esse brinquedo tenha influenciado na sua formação de personalidade. Você leitor, já pensou nessa questão?
As brincadeiras segundo a pedagoga Ana Maria do instituto Boldrini de Campinas tem influência direta na construção de conhecimento, - "Se formos atentos, veremos os caminhos que uma criança trilha ao aprender sem a intervenção direta de um adulto. Brincando, a criança aprende a lidar com o mundo e forma a sua personalidade, recria situações do cotidiano e experimenta sentimentos básicos."
Me lembro que quando pequeno, minha irmã mais velha coordenava as brincadeiras e planejava as cidades as quais juntos montávamos na sala com diversas peças de Lego, Playmobill entre outros brinquedos montáveis que tínhamos e ganhávamos nos aniversários e festas de natal tornando cada vez maiores e mais complexas as nossas construções utilizando a imaginação. Não a toa, acredito que isto tenha influenciado minha irmã a ter grande interesse por questões de lógica, e ao se tornar adolescente ter decidido realizar a faculdade de Engenharia da Computação.
No entanto, a experiencia da minha irmã de brincar com Lego, peças de montagem, entre outros brinquedos, infelizmente não é tão comum, devido a existência de determinadas crenças e valores nas sociedades que fazem com que vários pais delimitem as atividades dos filhos de acordo com o sexo.
A questão sobre o quanto um brinquedo influencia na personalidade e construção dos valores de uma criança não é nova, e constantemente gera discussões sobre qual seria a didática ideal.
Na maioria das lojas de brinquedos existe uma separação visível sobre qual setor é destinado para meninas e qual é para meninos através de cores e do tipo de brinquedos expostos em cada setor, aonde os brinquedos voltados para o público masculino tendem a apresentar carrinhos e brinquedos de construção em uma área pintada de azul e cores escuras, enquanto no setor voltado para o público infantil feminino tendem a aparecer centenas de bonecas, panelinhas, e Barbies em um ambiente rosa o que demonstra uma concepção clara da distinção dos valores, papéis e didática ideal para cada criança de acordo com o seu gênero.
Devido as alterações na divisão dos papéis do homem e da mulher que tem ocorrido nos últimos anos, principalmente após as duas guerras mundiais e que cada vez mais se acentua devido as mudanças nos cotidianos da sociedade que tem feito com que a mulher ganhe cada vez mais importância econômica e de tomada de decisão nas famílias, essa didática de divisão do que uma menina ou menino deve de brincar vem sendo alterada. Muitas pessoas atualmente creem que ao selecionar apenas determinados brinquedos para as crianças e restringindo outros de acordo com o sexo, isso, ao invés de ajudar acaba limitando a capacidade de desenvolvimento do jovem e impõe valores preconceituosos na mentalidade dos jovens. Uma questão bastante levantada por aqueles que questionam essa seletividade das atividades infantis é o quanto isso impacta na seletividade e preconceito com relação a capacidade e do papel das mulheres de realizarem atividades de maior complexidade lógica e matemática.
Felizmente muitas indústrias de brinquedos vem alterando a sua metodologia didática e criando brinquedos para ambos os sexos que até então não existiam, por mais que ainda assim existam muitos individuos reticentes com relação a essa questão.
As sociedades do mundo todo estão passando por mudanças na concepção de didática ideal para a diversão e aprendizado das crianças, espero que assim como a minha irmã que atualmente é uma mulher formada, casada, com filhos e bem sucedida economicamente, tanto meninos como meninas também tenham a liberdade para escolher seus próprios brinquedos e desenvolver suas aptidões sem discriminação.
Mateus Granada Ribeiro
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